“Somos herdeiros de uma tradição religiosa”

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Após dois anos de interregno nas festas de Nossa Senhora da Agonia, privados das condições necessárias para podermos honrar a Mãe de Deus e Nossa Mãe e para podermos expressar a alegria do encontro que esta celebração nos provoca, este ano, certamente, sentimos ainda mais vivo o entusiasmo e o desejo de fraternalmente nos encontrarmos para agradecer os dons recebidos da parte de Nossa Senhora da Agonia e de lhe implorar as graças de que temos necessidade, seja como Povo seja cada um pessoalmente.

Sendo a primeira vez que participo nestas majestosas festas e que presido a alguns dos seus actos, saúdo todos os habitantes de Viana do Castelo, todos os diocesanos e todos os que nesta ocasião nos visitam e connosco querem honrar a Mãe do Céu e viver esta festa. Saúdo de maneira especial aqueles que, por diversos motivos, não podem usufruir da alegria do encontro que este acontecimento provoca e a todos quer atingir. Saúdo todos os que vão dar brilho a estas festas com o seu trabalho e participação.

Somos herdeiros de uma tradição religiosa que se entrelaçou com a cultura e que hoje nos compete preservar e renovar. A expressão de fé do Povo tem este mérito de introduzir os valores do Evangelho na maneira de viver, nos seus critérios e valores, que se torna manancial de vida que de geração em geração vai manifestando a riqueza mais profunda do ser humano que, qual caudal, dá frescura à existência da pessoa e da comunidade.

Tratando-se da festa de Nossa Senhora da Agonia, reconhecemos que nesta invocação contemplamos a Virgem Maria no sofrimento compartilhado com o mistério pascal do Seu Filho, mas,  também, solidariamente comungado com todos os que, hoje, sofrem com as atrocidades infringidas contra a dignidade humana.

A celebração faz trazer ao presente os acontecimentos que marcaram tão intensamente uma época que, em festa, são vividos, hoje, com a mesma intensidade e com os mesmos frutos.

Numa época em que a cultura humana se manifesta tão vazia de valores, num contexto de tanta animosidade e mesmo violência, numa sociedade que perdeu o horizonte último da sua existência e, por isso, maltrata o presente, as festas de Nossa Senhora da Agonia devem ser vividas na sua originalidade e buscando nelas a frescura evangélica que oriente os critérios e as opções para um futuro mais humano.

Como afirma o Papa Francisco, «na piedade popular, por ser fruto do Evangelho inculturado, subjaz uma força activamente evangelizadora que não podemos subestimar: seria ignorar a obra do Espírito Santo» (EG, 126). 

O Papa vai mais longe dizendo que «ao contrário, somos chamados a encorajá-la e fortalecê-la para aprofundar o processo de inculturação, que é uma realidade nunca acabada» (EG, 126). 

Aliás, sublinha ainda o Santo Padre, «as expressões da piedade popular têm muito que nos ensinar e, para quem as sabe ler, são um lugar teológico a que devemos prestar atenção particularmente na hora de pensar a nova evangelização» (EG, 126).

A todos os que vão ter participação ativa e a todos os que vêm participar nestas festas expresso os meus votos de festas muito felizes e que o encanto destes dias provoque uma vivência mais fraterna em todas as nossas comunidades e famílias.

Imploro a Nossa Senhora da Agonia que a todos acolha no Seu regaço de Mãe.

D. João Lavrador

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