Sons efémeros… Conceitos do momento…

Sidónio Ferreira Crespo
Sidónio Ferreira Crespo

Recordar, no universo positivo, é algo que tonifica as pessoas. O contrário, naturalmente, decorre de variados circunstancialismos, devendo, para o efeito, força de vontade para nos opor a todos esses aspectos de carácter negativo. É viver o passado! Embora a lembrança, por vezes, possa tornar-se amarga, também é certo que pode abarcar cenários que vão encher-nos de uma saudosa alegria. Todos possuímos bons e maus momentos. Esta expressão torna-se tão evidente, que se pode considerar, sem dúvida, como “uma verdade de La Palice”.

Neste caminhar da vida o Inverno já nos deixou. Apareceu a Primavera, que vem trazer-nos o bálsamo sublime do bom tempo. Tanto a planta que permanece no vaso da janela ou na varanda das casas, bem como as flores silvestres que se desenvolvem entre mato bravio que reveste as montanhas, ou nos campos, aliado ao encanto dos jardins da nossa cidade, ao chegar esta época, sofrem uma espécie de metamorfose, que nos dá a ideia exacta da estação do ano que passa. O ar livre espera por nós, num desdobramento de maravilhas, através de uma sinfonia de cores como só no Alto Minho se pode constatar. Como é tenra e macia a verdura dos campos iluminados! Repare-se no contraste desses verdes, na sombra dos valados e no grito de luz, que se desprende dos terrenos ensopados de sol.

O tempo passa tão depressa que tudo parece renovar-se  a cada instante. No actual panorama da natureza, perante o ambiente verde e florido que nos envolve, junto das capelas, no alto dos montes, que encimam os povoados e nos terrenos que as ladeiam erguem-se japoneiras e outro conjunto de árvores que exalam um perfume aromático, através do desenvolvimento dos botões a abrirem-se, a caminho da flor, desfrutando-se, em simultâneo, um panorama que a vista não cansa de admirar, tanto nas altitudes como nas planícies. É a terra a transformar-se face às estações do ano, no conjunto com as festividades, que também possuem as suas épocas, neste calendário do viver.

Nesta festa campestre primaveril surge o Domingo de Páscoa, este ano avançado no tempo, em meados de Abril, muito depois das andorinhas terem aparecido, batendo com as suas asas negras nos beirais, ainda húmidos das nossas casas, ao conseguirem os seus ninhos.

No Minho, tradicionalista e católico, a Páscoa e o Natal são consideradas  as maiores festas do ano. As gentes de Viana vivem momentos de alegria, atentos aos maiores gestos de piedade e de crença, no contexto das mais belas atitudes de generosidade e fraternidade. Nas aldeias verdejantes e airosas do concelho os foguetes estoiram nos ares, entre bênçãos, música e flores, com a chegada do provinciano Compasso. Nesta quadratura da existência humana vale a pena, assim, recordar… face ao desanuviar da pandemia, mas ofuscado, agora, com a confrontação de guerra desencadeada na Ucrânia.

Nota: Esta crónica, por vontade do autor, não segue a regra do novo acordo ortográfico.

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