Sons efémeros… Conceitos do momento…

Sidónio Ferreira Crespo
Sidónio Ferreira Crespo

O Sport Clube Vianense, fundado em 13 de Março de 1898, ainda governava a realeza, desde a sede, ao campo de jogos, representa muito para a cidade. Trata-se de uma Instituição de utilidade Pública e possui no seu gabarito, além de valiosos troféus, a medalha de mérito desportivo. Não se dedica só ao futebol, embora seja a fatia principal das actividades que desenvolve. Há outros aspectos culturais deveras importantes, também a registar e a ter em consideração. Na meta nuclear, que inclui a vertente profética do futebol, a sua deambulação, aos altos e baixos, numa aspiração legítima de atingir o escalão maior mostra que se tem tornado tarefa impossível, desde que me lembro. Na minha mente flutua a ideia que esse pódio, com o decorrer dos anos, mais tarde, ou mais cedo, possa ser alcançado. Tudo na vida pode acontecer, desde que as gentes queiram e o contributo não escasseie, aliado a uma administração rigorosa na arquitetura do planificar.

Na minha infância o espaço físico do estádio Dr. José de Matos era enorme. Hoje, é aquilo que lá se encontra, tudo encaixotado entre urbanizações, que vieram a implantar as suas áreas construtivas, a fim de obter o desejado lucro. No passado, ao fundo, além dos campos de treino para as diversas actividades existiam uns pinheiros mansos, que davam ao local um porte simpático e acolhedor para o patrocínio das brincadeiras da rapaziada. A sede do Clube ergue-se na rua Manuel Espregueira, numa artéria nobre da cidade, que é acolhida por um edifício que representa uma projecção característica da época em que foi implantado e a manter o seu antigo equilíbrio. 

Neste carrossel futebolístico criou-se a Associação de Futebol de Viana do Castelo, deixando de estar dependente de Braga. Foi considerado um passo importante. Tarda sua independência, atenta à interligação distrital e concelhia. Tem-se vindo a desenvolver, periodicamente, cursos para a preparação de árbitros que, como tudo na vida, uns saem com qualidade e outros menos bons.

No panorama do futebol não podia deixar de recordar um árbitro que conheci, muito de perto, chamado Carlos Cachorreiro. Lidei com esta personagem que era bastante firmada no burgo vianense, sempre bem disposto, honesto, expansivo e leal, quando na minha juventude trabalhei na Câmara Municipal. 

Após o almoço, nos dias úteis de trabalho, um grupo de cerca de seis indivíduos, nos quais, os dois, nos integrávamos, além do Albano Faria, dono da agência que existia na rua da Bandeira, frente ao ex-Governo Civil, em prédio que foi demolido para a abertura de uma nova artéria, o Jorge Ramos da sub-chefia administrativa municipal e o José Leitão funcionário da Repartição de Finanças, todos, íamos tomar café ao antigo Bar-Oceano, com certo destaque e decoração, no meio, naquela altura, onde, agora, funciona uma churrascaria. Jogava-se ao ”trinta e um”. Os três últimos perdiam e pagavam a despesa. Como tudo está tão longe, porque já passaram mais de sessenta anos, mas perto, pertíssimo, no pensamento. Do rol dos vivos, resta um. Sou eu. O Carlos Cachorreiro morreu novo.

Nota: – Esta crónica, por vontade do autor, não segue a regra do novo acordo ortográfico.

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