Vozes que contam… Histórias que se ouvem…

Vitor Fernandes
Vitor Fernandes

Vem ver comigo o passado da nossa Terra
Onde as pessoas eram alegres e sorriam
E orgulhosamente nos diziam
Somos a força desta Era

Vem agora ver comigo os presentes de Natal, onde se dava menos e recebíamos mais.

Mesmo que venhas contra mão, vamos revisitar muitos lugares e, com certeza, muitas palavras nos faltarão!

Ajuda-me a contar aquela nossa vida inteira, que mais parece que ficou por uma brincadeira!

Ajuda-me a lembrar, aquelas férias de Natal, onde coisas estranhas aconteciam!

Ruas cheias de crianças que brincavam a sua infância, desde a “mosca” aos “polícias e ladrões”…Valiam todas as ruas, até à Avenida dos Combatentes.

Mas quais ladrões?
Não aqueles que roubaram os sorrisos e as alegrias das nossas ruas. Eram polícias e ladrões, de histórias, contos e fantasias!
Ajuda-me a lembrar aquelas fantasias e sonhos, que começavam no primeiro dia daquelas férias!

Percorríamos o monte de Santa Luzia, para encontrar o mais verde e perfeito pinheiro e musgo para o presépio de Natal. Partilhávamos esses singelos bens entre os escuteiros, a igreja de São Domingos e, claro, as nossas casas!
Ajuda-me a lembrar a reunião familiar, para decorar o pinheirinho e, no final, colocar os saudosos chocolates de Natal da Avianense!
Ajuda-me a lembrar a chegada dos familiares emigrantes e, com eles, as recordações do último verão.
Traziam as novidades francesas, roupas esquisitas e aquelas danças cheias de incertezas!

Ajuda-me a lembrar aquele passado, que parecia imperfeito, mas de imperfeito, nada tinha!

No dia 24 de dezembro, desde os mais aos menos abastados, todos reunidos à volta da mesa e, chegada a meia-noite, cheios de frio, lá íamos à missa do galo, cantar.

Até parece que nos saltava um vazio e que o futuro seria menos frio!

Dormíamos a pensar, qual seria a prenda a desembrulhar?
Tínhamos uma certeza, uma roupa nova a estrear e um brinquedo, apenas, iria calhar, para no dia seguinte poder partilhar.
Ajuda-me a lembrar…

Aquele era o tempo
Em que as sombras se abriam,
Em que homens negavam
O que outros erguiam.
E eu bebia da vida em goles pequenos
(Abrunhosa)

Ajuda-me a lembrar…
Porque é que as ruas estão vazias, parecem tão frias e os sonhos se querem apagar?

Será que falámos demais e quase nada se contou?

Porque será que hoje se desembrulha de mais e de menos recebemos?

Seria mais estranho se nada fizéssemos.

Ajuda-me a lembrar, aquelas ruas cheias de luzes e alegria, onde os fantasmas agora habitam…

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