Flávio Brandão, com apenas 22 anos criou a própria marca, a Flavio Brandao Brand. Algumas peças já foram usadas por figuras públicas.
O A Aurora do Lima foi conhecer o percurso.
Quando é que surgiu o gosto pela moda?
Tudo começou quando a minha mãe e irmã queriam que fosse modelo e inscreveram-me numa agência. Fui ao casting e passei, mas como era longe acabei por não fazer tantos trabalhos. Acabei por me identificar mais com a criação e acompanhar criadores internacionais. Como gostava imenso de desenhar, decidi apostar no design de moda.
Em que escola tiraste o curso?
Estudei na EsproMinho, em Braga.
Tens a tua própria marca, Flavio Brandao Brand, quando é que ela apareceu?
A marca apareceu aos 19 anos, precisamente quando ainda estava na escola, e aliás, apresentei a minha primeira coleção como projeto final de curso. Foi tudo ao mesmo tempo. Neste momento, já tenho três coleções e estou a trabalhar na quarta.
O que pretendes passar nas tuas criações?
Cada coleção tem uma mensagem diferente. A primeira chama-se Fórmula. Foi inspirada na apicultura e celebra a importância das abelhas na natureza e no ecossistema. Além de ser uma forma de homenagear esses insetos, a coleção também pode chamar a atenção para a necessidade de proteger e preservar as abelhas e seus habitats. A segunda coleção chama-se Anarchy, inspirada na anarquia. Uma expressão da liberdade individual e da rejeição das normas sociais e políticas estabelecidas. Inclui peças com estampas e desenhos que transmitem mensagens de questionamento do status quo, subversão e desafio à autoridade. Mas é importante lembrar que a anarquia é uma ideologia complexa e as pessoas podem ter opiniões diferentes sobre sua interpretação. A terceira coleção é a Nighcore inspirada na desertificação e tem como objetivo chamar a atenção para a importância de preservar os ecossistemas e combater a desertificação. Inclui peças como se saíssem de uma festa no deserto, representando as pessoas que ignoram as alterações climáticas, assim como a sua fragilidade e ameaça à sua existência.
Sendo um jovem estilista do Alto Minho, estás longe das grandes cidades, achas que isso complica o teu trabalho?
Pelo contrário, facilita muito mais. A questão de enviar os coordenados para figuras públicas é que é mais difícil. O resto é tudo mais fácil. O setor têxtil e o calçado estão predominantemente nesta zona. Por vezes, tenho de me deslocar a Lisboa para tirar medidas a clientes.
Algumas figuras públicas já usaram as tuas peças. Como se processa isso?
Algumas compram porque gostam mesmo. Outras entram em contacto, normalmente através dos stylists e eu empresto os protótipos. O Diogo Piçarra, a Mafalda Castro, o Ruben Rua, a Maria Gomes Cerqueira, a Áurea foram alguns dos que já usaram as minhas peças.
Queres destacar alguma peça?
Sim, destaco alguns. O principal é o vestido Queen Bee. O facto de ter sido da primeira coleção acaba por ter um valor mais sentimental. Foi a primeira peça que criei, que cortei e fiz sozinho. Deu imenso trabalho, confesso. Foram cerca de 364 horas de confeção. Também destaco o vestido das rosas, da segunda coleção. Tem 56 mil pétalas de rosas e todas foram cortadas à mão. Já foi capa da Lux Woman.
Como é que as pessoas chegam a ti?
No nosso site ou através de revendedores. Mas quando é uma peça feita por medida, tem de ser através de um atendimento mais personalizado. Basicamente muita gente chega até nós pelas redes sociais.
A tua família apoiou-te nas tuas decisões?
Não foi um percurso fácil, e inicialmente a minha família tinha muito receio. É normal. Mas desde sempre que a minha mãe acreditou em mim. E hoje ela acompanha-me para todo o lado, e ajuda-me em tudo o que eu preciso.
Estás a preparar a tua próxima coleção, o que podes dizer?
Embora ainda não tenha sido apresentada, a próxima coleção chama-se Afair. Foi inspirada na melancolia e na euforia, que é uma forma de expressão artística que explora as emoções profundas e complexas associadas a esses dois temas universais. A primeira parte da coleção é inspirada na melancolia e inclui peças escuras e sóbrias, como vestidos longos, pretos, casacos de lã cinza e calças de alfaiataria. Por outro lado, a segunda parte da coleção inspira-se na euforia e pode incluir peças mais coloridas e românticas.
Quais os projetos futuros?
Brevemente vou lançar um perfume unissexo. Para além de ser algo que eu gosto muito, quero que o perfume seja mais acessível para que toda a gente tenha oportunidade de ter algo meu. Há quem ache a roupa cara, e assim é uma forma de chegar a toda gente.