Santa Marta e a Covid-19

Em Santa Marta de Portuzelo, como parece acontecer por todo o país, num ápice, desapareceram a azáfama, o frenesim, a pressa. Exceção feita à lide dos campos, à panificação, farmácia e comércio de bens essenciais, tudo o resto que funciona é exercido com cautelas adequadas à situação, sem pressas e com ordem. «Neste tempo de pandemia, vários foram os hábitos e rotinas que se foram alterando, fruto das imposições decretadas, sempre com o objetivo de defender a comunidade deste flagelo social», diz-nos o Presidente da Junta, Paulo Maciel. O mesmo informa que no dia 9 foi encerrado o nosso cemitério, à semelhança do que fizera a Câmara com o municipal, posto que se notava uma presença muito acentuada de pessoas. Relativamente aos mais fragilizados, diz estarem sinalizadas as famílias que recebem apoio, numa estreita colaboração com a Câmara Municipal e com as várias instituições da freguesia e que algumas estão a ser acompanhadas por voluntários que ajudam em várias tarefas e no controlo do abandono social. A farmácia e algumas empresas estão disponíveis para a entrega de bens e medicamentos aos mais idosos, o que é digno de realce. A autarquia colabora no transporte de refeições a algumas famílias e aos profissionais de saúde da USF Cuidarte, que são confecionadas nas cantinas escolares e fornecidas pela Câmara Municipal. São tempos em que abundam os exemplos de dedicação e solidariedade, que nos apraz registar.

Consequência dos tempos, já aqui noticiamos o cancelamento das Festas em Honra de Nossa Senhora da Silva, pelo menos nos moldes habituais, e é de expectativa o estado de espírito dos responsáveis das festas de Santa Tecla e de Santo António, o mesmo acontecendo com a Comissão de Festas da Romaria de Santa Marta, que está preocupada com o evoluir da pandemia, aventando-se vários cenários possíveis. O vice-presidente, Hugo Martins, comunicou que sairá brevemente um comunicado da Comissão.

A Páscoa de 2020
Face às circunstâncias, é bem provável que estejamos a viver uma das festas pascais mais ‘intensas’ de sempre. A preparação espiritual vinha sendo feita com recurso às transmissões via facebook, através das páginas do Centro Paroquial de Santa Marta de Portuzelo, Comunidades Paroquiais de Cardielos e Serreleis e Diocese de Viana do Castelo.

Esta ideia de eventual melhor vivência da Páscoa, manifesta-se na proliferação de casas que elaboraram a CRUZ para a Semana Santa, nos milhares de mensagens nas diferentes redes sociais e, face às várias informações das condutas de “viver para o outro”, se articulados estes gestos com os subsídios da Palavra, interpretada e esclarecida pelos nossos párocos, o nosso e outros bispos e Francisco, bem se pode concluir que, este ano, Jesus não esteve tão sozinho na Cruz. E prova disso, a frequência verificada na transmissão das celebrações do Tríduo Pascal e da Missa da Ressurreição, adornadas de permeio com o repenicar dos sinos nas diferentes igrejas paroquiais. A tudo acresce a decoração, agora em tons alegres e festivos, da Cruz vencedora da morte, da Cruz que é Vida. A tudo acresce o comportamento dos Mordomos da Cruz. Concretamente, em Santa Marta, o Domingos Ribeiro assinou para todas as casas uma mensagem de esperança e fé: «Esperança no amanhã e num mundo melhor. Que Jesus esteja no coração de cada um de vós nesta páscoa e que cada um cumpra a sua missão em tempo de privações. Jesus ressuscitou e que o seu amor abençoe a todos». Mais um gesto bonito, que entrou em todas as casas. Na modéstia desta local, o reconhecimento ao Domingos e à Maria Alice, aqui na companhia do pároco, Rev. P.e Christopher.

FALECEU NUNO Q. GONÇALVES
─ e os sinos dobraram uma vez.
No dia 3, aos 46 anos, confortado com os sacramentos da Santa Igreja, o Nuno partia para a Casa do Pai. Foram cerca de dois anos e meio de luta contra a doença que o surpreendera, a ele, que era tão entusiasta e dinâmico. A par destas qualidades, o Nuno era de uma generosidade extraordinária, aquilo a que comumente se chama de verdadeiro altruísta, pela aplicação que colocava na procura das soluções dos problemas dos outros, como se dele se tratassem. Filho atento e generoso, pai dedicado, diligente e preocupado e irmão amável e confiável, partiu nas vésperas da Semana Santa, acompanhado da sua tia Lúcia Quesado, uma santa que lhe deu a mão para, com certeza, fazerem juntos a sua festa da ressurreição, eles que tantas vezes, igualmente juntos, tanto gostavam de festejar a Páscoa da Ressurreição de Cristo. Ambos amaram e serviram, ambos merecem a eternidade feliz… Os sinos, face às circunstâncias, dobraram uma só vez. E chegou!… É que, para eles, antes que para nós, já tinham repenicado, em melodia de indescritível beleza, só ao alcance dos eleitos do Pai. Aos filhos, aos pais, aos irmãos e primos que tanto o amavam e restantes familiares, aos amigos e à Associação Cultural e Desportiva, a nossa solidariedade na dor.

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