Quedas são a principal causa de morte acidental nos idosos

O Núcleo de Estudos de Geriatria (NEGERMI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) realizou o webinar “Quedas nos Idosos”.  As quedas são o acidente doméstico mais frequente nos idosos e a principal causa de morte acidental na população com mais de 65 anos.

Em 2020, o recurso às urgências devido a acidentes domésticos e de lazer aumentou 13% na população com mais de 65 anos. As quedas aparecem como a principal causa e representaram mais de 45 mil idas às urgências, representando 89,4% dos acidentes nesta faixa etária. De referir ainda que a cada 100 internamentos devido a quedas, seis têm como desfecho a morte ainda no hospital.

“Pretendemos sensibilizar os médicos e outros profissionais de saúde para a vulnerabilidade das pessoas idosas para a ocorrência de quedas, uma das principais síndromes geriátricas, que pode ser antecipada e prevenida, através de intervenções que reduzam o risco. É um fenómeno muito comum, mas frequentemente banalizado e associado ao normal envelhecimento. No entanto, é um fenómeno preocupante porque pode precipitar a deterioração do estado funcional e da autonomia, aumentando a dependência e a probabilidade de institucionalização, com profundo impacto na qualidade de vida e bem-estar. As quedas são por isso consideradas um problema de saúde pública” afirma Sofia Duque, Coordenadora do NEGERMI.

As quedas nos idosos são multifatoriais, resultando da combinação de problemas de equilíbrio e mobilidade, défices sensoriais, a perda de massa e força muscular, vários problemas médicos como: a doença cardio e cérebro-vascular; a doença de Parkinson; as alterações cognitivas e psicológicas; a doença osteoarticular degenerativa; problemas nutricionais, como a desnutrição e a sarcopénia; a hipotensão ortostática; problemas vestibulares e podológicos, entre outros. Destaca-se ainda o potencial de vários fármacos poderem potenciar as quedas, estando os doentes idosos frequentemente polimedicados.

Outros problemas demográficos, psicossociais e ambientais aumentam o risco de quedas e não podem ser ignorados na avaliação de cada pessoa idosa, como: a história prévia de quedas; a limitação nas atividades de vida diária; o sedentarismo; o uso de roupa e calçado inadequados; a existência de barreiras arquitetónicas dentro e fora de casa, ou elementos de risco como o pavimento escorregadio ou irregular, bem como a exposição a situações de risco.

“As consequências mais dramáticas e imediatas das quedas são as lesões corporais, em particular as fraturas ósseas e o traumatismo crânio-encefálico, que podem mesmo ser fatais ou levar a problemas de mobilidade e dependência. No entanto, mesmo quando não correm estas consequências dramáticas há efeitos indesejáveis, como o medo de cair, associado a progressiva imobilidade, dificuldade nas atividades de vida diária, depressão e ansiedade, isolamento social, sedentarismo, culminando tudo em perda de autonomia e dependência com compromisso da qualidade de vida”, conclui Sofia Duque.

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