“A Economia Portuguesa – (1960 – 2017)”

A Apresentação do livro “A Economia Portuguesa – Formas de economia politica numa periferia persistente (1960-2017)”, ocorreu no passado dia 21 de setembro, pelas 21h30, na sede da Fundação Caixa Agrícola do Noroeste, em Viana do Castelo. Com a chancela da Almedina, 274 pp., é da autoria do prof. José Reis, Catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

O autor foi apresentado por António Cruz, presidente da Polaris, e o livro por Gilberto Santos que, a propósito desta associação de astronomia, e das viagens espaciais, considerou, na oportunidade, que Portugal não pode suportar economicamente um programa espacial. Porque Portugal, como se refere no livro, tem “uma economia que não cresce e redistribui mal o rendimento […]. Há um excesso de desindustrialização e de terciarização. É por isso que quando chega uma crise determinada por condições externas poderosas, ela só pode ser cumulativa” (pg.18).

O livro faz uma análise profunda e inquietante da nossa economia, salientando que “[…] a Europa esquece a economia, os cidadãos e o seu bem-estar e protege a banca e os mercados financeiros” (pg.19). O autor tenta esclarecer “[…] o que se passa num país é fruto de deliberações precisas, não de mecânicas abstratas, e que a isso se chama economia política” (pg.23). Citando Pedro Lains, o livro esclarece que “Portugal foi o último país industrial europeu, a última nação industrial da Europa Ocidental, aquela que só em 1963 viu o valor do produto industrial superar o da agricultura” (pg.41), mais de 100 anos depois da Europa desenvolvida, nomeadamente a França, a Alemanha e a Inglaterra, acrescentou Gilberto Santos.

Nesse período, ou seja, na década de 60 do século XX, “houve um país que instalou um setor industrial moderno, pesado com elevados volumes de capital fixo, e ao mesmíssimo tempo, fez do trabalho a sua principal mercadoria de exportação”. Assim, “a perda de população e, em especial a perda da população ativa, significa, afinal, que estamos perante uma economia com uma base escassa e perante uma sociedade submetida”, (pg.46).
O livro foca “uma economia sempre aquém do país” com vários desequilíbrios, nomeadamente “o produtivo, que consiste no facto de não se criar o volume suficiente de bens e serviços necessários para assegurar o bem-estar da população e a adequada provisão do país e traduz-se na dependência comercial. A importação de bens não é compensada pelas exportações e revela os limites da produção interna. A Balança de trocas com o exterior apresenta, assim, défices persistentes” (pg.75).

Neste ponto, Gilberto Santos afirmou que as ideias do economista convergem com as do engenheiro, pois Portugal tem uma baixíssima conceção de produtos e, como tal, a grande maioria das multinacionais que por cá se instalam, procuram apenas produzir em Portugal, o que concebem nos países de origem. Assim, “[…] ensaiamos exercícios exportadores através de produções de baixo valor, assentes em salários baixíssimos” (pg.75).

Já na parte final da sua apresentação, e citando novamente o livro, Gilberto Santos perguntou ao prof. José Reis, sendo Portugal um país pobre, para que serve um país assim? José Reis retomou a palavra e brindou os presentes com uma análise profunda, mas, ao mesmo tempo inquietante, sobre a economia portuguesa. Na parte final, houve um tempo para perguntas da assistência.

E.

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