Aluno do Politécnico ultrapassa momentos complicados

Tiago Nêveda, 35 anos, vianense e aluno do 3º ano de Engenharia da Computação Gráfica e Multimédia no Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), esteve, recentemente, entre a vida e a morte devido à Covid-19.

Considera que a sua lotaria na batalha que travou contra este “vírus imprevisível” foi sobretudo o facto do seu pai, Rui Nêveda, ser médico pneumologista, uma vez que a sintomatologia inicial que teve foi “a de uma gripe ligeira”. “Eu tive muita sorte! Acho que se o meu pai não fosse médico, provavelmente, nem teria chegado ao hospital, pois nunca tive falta de ar, nunca tive dores. Mas quando fui internado estava com uma pneumonia bilateral grave”, explica Tiago.

A sua experiência e a que lhe foi narrada por outras vítimas do novo coronavírus, que conheceu enquanto fazia reabilitação, fazem com que encare este vírus com muito respeito, pois “tanto pode não fazer nada como ser fatal”.

“COMEMORAR A VIDA”
Agora, confessa ao A AURORA DO LIMA, que vale, mesmo, a pena “viver” e aproveitar os bons momentos que a vida proporciona. Como diz: “comemorar vida”. Nesse sentido, destaca o apoio que sempre teve da família e dos muitos amigos, que agora deram provas de verdadeira amizade, na camaradagem e na preocupação com ele.

Nesse sentido, para “quando isto estiver mais calmo”, está previsto um jantar de confraternização em que a emoção, de certeza, não vai faltar.

Tiago confessa, mesmo, que “só me apercebi que tinha estado demasiado perto de morrer quando já estava quase recuperado”. Tudo começou em meados de janeiro passado, com alguma tosse, falta de paladar e de olfato, que desvalorizou. Alguns dias depois, surgiu-lhe febre. “Como nunca faço febre nas gripes, eu e os meus pais, com quem vivo, decidimos fazer o teste à Covid-19. No meu caso e no do pai, o resultado foi positivo”, conta. No dia seguinte, acabou por recorrer ao Hospital de Santa Luzia, em Viana do Castelo, devido a um desmaio. Foi-lhe diagnosticada uma pneumonia ligeira. Regressando a casa com medicação. Poucos dias tinham passado, quando voltou à Unidade Local de Saúde do Alto Minho, onde ficou três dias nos Cuidados Intensivos em coma induzido e ventilado.

Devido à gravidade da situação a nível pulmonar, foi transferido para o Hospital de São João, no Porto, para ser submetido a tratamento por Oxigenação por Membrana Extracorporal (ECMO), durante dez dias. “A 9 de fevereiro, fui transferido novamente para Viana do Castelo. Onde estive cerca de uma semana nos Intermédios e outra na Enfermaria, onde iniciei a fisioterapia para tentar recuperar a minha mobilidade, a minha capacidade de manter-me em pé e de caminhar, que perdi em consequência da semana e meia em que estive em coma”, recorda. Posteriormente, Tiago foi transferido para o Centro de Reabilitação do Norte, em V. N. Gaia, onde permaneceu até à semana passada.

Em V. N. Gaia, fez sobretudo fisioterapia intensiva, terapia ocupacional e alguma terapia da fala. “Felizmente o vírus só me atacou os pulmões”, diz. Agora, de volta a casa, ainda se cansa mais facilmente que o normal e ainda não recuperou a capacidade de caminhar a cem por cento.

Ao nosso jornal, confessa que a primeira coisa que perguntou, quando acordou do coma, foi pelo “seu” Benfica. Não estranhou que as notícias não fossem as melhores, mas, observa, que também já andava “chateado” com o clube.

Também se lembra de ter perguntado pelos resultado das eleições presidenciais, pese embora já alguns dias terem passado após a realização destas. Recorda, ainda, as “visões” e “perceções” erradas que teve devido à Covid – 19, como, às vezes, lhe parecia que os objetos se moviam e alguns “flashbacks” de “sonhos” quando estava em coma, mas cujos contornos já não lhe são nítidos.

IPVC NO COVIS
O Instituto Politécnico de Viana do Castelo é um dos parceiros envolvidos no desenvolvimento do Projeto CoViS (CoViS: Contactless Vital Signs Monitoring in Nursing Homes using a Multimodal Approach) − um projeto inovador e disruptivo, com tecnologia de ponta para o setor da saúde.

Trata-se de um equipamento sem fios capaz de ler continuamente a temperatura, batimentos cardíacos e ritmo respiratório de pacientes que se encontrem hospitalizados.
A coordenação local é do docente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Sérgio Ivan Lopes que conta ainda na equipa com o docente Carlos Abreu e dos alunos Bruno Braga e Gabriel Queiroz, finalistas do curso de Engenharia de Redes e Sistemas de Computadores da ESTG-IPVC, que estão a desenvolver o projeto final de curso no âmbito do projeto CoViS.

Item adicionado ao carrinho.
0 itens - 0.00

Ainda não é assinante?

Ao tornar-se assinante está a fortalecer a imprensa regional, garantindo a sua
independência.