“Angola (1972/1973) – As Espadas e a Política”, de Branco Morais

A apresentação acontece no próximo sábado, dia 18, pelas 11h, na Sala Couto Viana da Biblioteca Municipal. Não se trata de uma obra de memórias de guerra igual a tantas outras já produzidas, das quais sobressaem relatos que, sendo reais, expressam sentimentos de nostalgia e, tantas vezes, de mal justificada culpabilidade. Tratando-se de uma narrativa com substancial detalhe de vivências deste conflito colonial, vai além de meros relatos de missões de patrulhas e combates, já que o conteúdo procura enquadrar-se em filosofias e contextos próprios desse tempo passado.

Há realidades que nunca podem ser desvalorizadas, entre elas a despolitização dos cidadãos e o seu baixo nível cultural, por força de um regime de cariz castrador e ofensivo; o conceito de defesa da pátria explorado à exaustão, envolvendo todos os setores da sociedade, do qual nem a igreja oficialmente se demarcou; o desconhecimento da realidade e dos objetivos desta missão injustificada e danosa; e tantas outras questões que dispensam enumeração. Branco Morais procurou atender a todos estes enquadramentos, recorrendo muitas vezes a conceções de quem viveu e estudou África no decorrer do tempo, particularmente Angola.

Perpassa igualmente na obra a familiaridade criada entre a gente da denominada Metrópole e os Africanos, sem quaisquer laivos de descriminação, antes de mãos dadas na luta por uma causa que consideravam historicamente justa e digna. Infelizmente, a guerra quase sempre se alimenta do desconhecimento de razões e objetivos. “As Espadas e a Política” estrutura-se num texto suficientemente amadurecido, abundante em pormenores, que foi sendo sedimentado ao longo de décadas, dispondo de matéria propiciadora de reflexão.
GFM

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