Carta ao Diretor

De vez em quando, o governo (qualquer governo), brinda-nos com propostas miríficas de modernidade, de avanços tecnológicos, de eficiência e proximidade!
Pura ilusão!

A administração pública, enquistada nos seus privilégios e burocracias, dirigida por gente acomodada e conformada, indiferente aos tempos e às necessidades dos seus cidadãos, alheia-se do mundo real, da vida, do presente.

Esta forma de governar, blindada pela dificuldade de acesso aos decisores, ainda que transitórios, não deixa escapatória para o pobre comum do cidadão, esmagado pela opressão burocrática dos serventuários do regime.

Vem a propósito, o caso que descrevo em síntese:
Pedida a renovação online do CARTÃO DE CIDADÃO, na plataforma digital eportugal.gov.pt no início de fevereiro (por caducidade do dito a meados do mesmo mês), foi o mesmo despachado para a Conservatória do Registo Civil de Viana do Castelo, uma semana depois, e endereçado ao requerente uma carta-modelo, atulhada de códigos, para o respetivo levantamento com prévio agendamento, num número disponibilizado.

Contactado esse número, foi o requerente informado do agendamento para levantamento do CC, na Conservatória de Viana, no mês de junho!!!

Mês de junho???!!! Quase quatro meses para entregar um simples Cartão de cidadão renovado e pronto numa semana? – Caro senhor, nós estamos em Portugal, na Comunidade Europeia, no país do SIMPLEX, no Portugal Digital XXI, e o CC que tenho comigo já está caducado, reagi indignado!

O senhor, do outro lado da linha, despreocupado, informa que o CC está renovado por despacho governamental, até 31 de março de 2021, e atira que, depois dessa data, me fizesse acompanhar da carta-modelo!

Informei então este senhor, que a carta de nada me valeria se quisesse, por exemplo, deslocar-me ao estrangeiro ou conduzir no país vizinho!
Sem efeito!

A situação pandémica levou para casa a maioria dos funcionários, as portas da Conservatória estão fechadas, o atendimento é só para situações urgentes, os contactos móveis afixados no local não atendem, o administrador público do serviço não está preocupado com a simples entrega de um documento essencial ao comum dos seus concidadãos!

Esta estranha e negligente forma de dirigir os serviços públicos, altiva no comando, zelota no desempenho e tíbio na ação, ignora com manifesto desprezo, formas simples e comezinhas de devolver ao desprotegido cidadão, em tempo útil, um simples documento.
Sem perdão!
(leitor devidamente identificado)

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