O comediante Avelino Pereira Fernandes Liquito (1951 – 2021), conhecido entre os conterrâneos por “Parteira” e dessa forma carinhosamente por todos tratado, partiu no passado dia 10 de fevereiro de 2021. Momento inesperado que a todos apanhou de surpresa, pese embora o estado debilitado de saúde que, desde há algum tempo, patenteava. No funeral, estiveram presentes familiares e alguns amigos.
Não fosse a pandemia, teria, com toda a certeza, uma multidão para a última despedida. Isto por ser estimado entre os nossos, não só pela sua forma de ser, como também pelos préstimos desenvolvidos em prol da comunidade, como foi o caso das suas incontáveis participações nos compassos pascais, nos peditórios e, sobretudo, no seu tão querido Auto da Floripes. No último adeus, ninguém se esqueceu do seu percurso na comunidade, como o padre Domingos Meira fez questão de referir.
A última participação do comediante numa representação do Auto da Floripes foi em 2018 e a sua última subida ao palco ocorreu em 2019, para ser homenageado pela comunidade. No momento em que subia ao palco, ao som de bonitas e merecidas palavras, emocionou-se e esse estado adensou-se, quando recebeu das mãos do conterrâneo Joaquim Frutuoso – Rei Turco, Almirante Balaão – um quadro com o seu retrato como Roldão, a personagem que representou durante décadas.
Nesse mesmo momento, do outro lado do palco, o público, inesperadamente, aplaudiu demoradamente e ovacionou-o de pé: “Parteira”, “Parteira”, “Parteira”. Ninguém ficou indiferente, nem mesmo o mais duro e frio dos corações. Foi uma homenagem simples e verdadeira, tal como o nosso Parteira. Passou-se este momento, que teve tanto de merecido como de simbólico, no Largo das Neves, Terra de que tanto gostava; em cima do palco, onde esteve mais de 50 anos a representar o Auto da Floripes; e em frente ao povo, a sua plateia de sempre, entre a qual era tão acarinhado e popular. Entre os comediantes, estava igualmente a família da qual fazia e continuará a fazer parte.
T.B.