Num voo sobre a natureza

Iris – Associação Nacional de Ambiente, através da sua delegação regional de Viana do Castelo, torna público a observação de uma garça – noturna ou goraz, Nycticorax nycticorax na zona húmida da ribeira de S. Simão.

Esta garça apresenta um tamanho médio, com 58-65 cm de comprimento, muito robusta e com um bico grosso, preto e de comprimento médio, com patas de comprimento médio. Os tarsos e os pés são robustos e amarelos. O uropígio é cinzento. Os adultos têm uma coroa e dorso pretos em repouso e parte inferior branca. Os juvenis têm uma plumagem acastanhada, salpicado de branco na parte superior, densamente malhado de castanho na inferior, que favorece o mimetismo.

Adota sempre uma postura atarracada com a cabeça e o pescoço muito tempo junto ao corpo, tanto em repouso como em voo. Anda a vau, levanta voo e pousa na vegetação. O chamamento em voo consiste num “quark” áspero e nasal semelhante ao coaxo das rãs.
É uma ave geralmente crepuscular, embora também se possa ver a alimentar-se durante o dia ao longo de cursos de água com muita vegetação. Costuma ser observada a nutrir-se (mais ao amanhecer e ao anoitecer) de anfíbios, insetos, peixes e mesmo do lagostim-vermelho.

Tem por habitat a periferia de lagoas costeiras, pauis, açudes e barragens. Durante o dia permanece empoleirada nas árvores, geralmente em grupo. Nidifica em árvores e, por vezes em caniçais. O ninho consiste numa plataforma de galhos. As suas posturas são constituídas por três a quatro ovos, de cor azul-claros. A sua incubação dura vinte e um ou vinte e dois dias. As crias abandonam o ninho por volta dos vinte ou vinte e cinco dias e entre os quarenta a cinquenta dias ficam aptas a voar.

As aves desta espécie que nidificam em Portugal passam o Inverno em África, a sul do Sara. Os primeiros gorazes chegam em março, permanecendo entre nós até ao Verão, sendo os últimos exemplares observados entre agosto e setembro.

Em Portugal a preservação deste grupo de aves tem sofrido ameaças e atentados com a intervenção humana, como por exemplo: a destruição dos habitats por secagem das zonas húmidas, o corte de árvores ao longo das margens dos rios, a substituição da vegetação, o abate ilegal (apesar destas aves estarem protegidas), a poluição das águas, a diminuição do alimento, com a pilhagem, destruição dos ninhos e a prática de desportos náuticos.

Não nos podemos esquecer que a preservação desta espécie e de outras depende da manutenção em bom estado de conservação dos seus locais de refúgio e alimentação, da redução da pressão de abate ilegal e da monitorização da sua população.

O estatuto de conservação desta espécie foi classificado em Portugal como estando “Em perigo”.

Este é um tesouro a conservar por nós e pelas gerações futuras. Não se distraia. Proteja a nossa fauna!

Jorge Silva (texto e foto)

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