Um vianense distinto que partiu

Há muito que não morava na nossa cidade. Nascido em 1938, partiu para Angola em 1959, depois de ter concluído o Curso Industrial. Regressou em 1967, mas movimentou-se e estabeleceu-se noutros lugares. A Viana só vinha em tempo de férias para matar saudades e visitar familiares e amigos.

Faleceu no dia 22 de dezembro, em Alhadas, Figueira da Foz, e o seu funeral, com cremação, fez-se no dia imediato.

Um percurso brilhante como desportista

No início da década de 1950, teria os seus 12 anos, Filipe Vaz (FV) ingressa na Escola de Natação do SCV, a funcionar na doca comercial, praticamente onde hoje se localiza o Gil Eannes, e onde se ensinaram a nadar milhares de crianças, tendo desde logo evidenciado aptidões para vir a ser um grande nadador. Conjuntamente com Carlos Anjos, Manuela Abreu, Olga Garcez e outros, representou a modalidade sob a bandeira do velho Vianense. Participou várias vezes na travessia do Rio Lima, prova de carater particular, mas que atraía imensos nadadores de várias coletividades nortenhas.

Em 1956, FV participa no Campeonato Nacional, realizado na Piscina do Luso, acompanhado de Amadeu Costa, J. Batista Alves e Carlos Anjos, onde alcançou um brilhante 2º lugar. E, em 1957, é participante na “Descendo a nado do Porto”, uma prova de 8,300 metros, de Campanhã à Foz, que atraiu centenas de participantes, e na qual obtém um honroso 5º lugar.

Paralelamente à Natação, Filipe dedicava-se à prática da Canoagem e do Hóquei Patins. Na Canoagem, numa equipa que a “Cedemi” formou, composta pelos irmãos Nanuco e Zé Faria e ainda Filipe Vaz e Amândio Silva, que participava anualmente na prova “Descendo do Rio Mino”, considerada a prova principal do calendário anual de iniciativas. De referir a fraca implantação da canoagem na época. No Hóquei em Patins, inicia a sua atividade no ringue do Límia-Parque. Com 17 anos, passa a fazer parte da equipa júnior do SVC, tendo Armando Veloso, como treinador. Com autorização especial, joga ainda na equipa sénior. Mas a sua versatilidade para o desporto manifesta-se igualmente no futebol, chegando a jogar na equipa júnior do SCV, o único clube estruturado e organizado para se perpetuar no contexto desportivo da cidade de Viana.

Em Angola é acolhido já com o compromisso de jogar pelo Benfica de Luanda, tendo em 1960 disputado o primeiro Campeonato realizado nesta colónia portuguesa. Em cumprimento do Serviço Militar, destacado na Força Aérea, regressa à prática do Hóquei Patins, assumindo-a por inteiro, tal como acontecia nas modalidades em que participava.

Em permanente mudança, como a querer demonstrar dificuldades em se enraizar em definitivo, volta à Metrópole em 1966. De 1967/69, no Porto, faz o curso de Educação Física, para se tornar professor nesta especialidade no Liceu D. Manuel II, acumulando, ainda a função de instrutor de natação no Clube Fluvial Portuense.

Depois da frequência do Curso de Treinadores de Natação, no Instituto Nacional de Educação Física de Madrid, no período 1972/74 enquadra a Secção de Natação do FCP, da qual era responsável Belmiro de Azevedo, sendo Pinto de Magalhães, presidente do clube. 

Digno de referência foi também a sua nomeação pela Federação Portuguesa de Natação para enquadrar uma Comissão Técnica com o objetivo de analisar os problemas da natação portuguesa, estudando-os e propondo soluções, tendo sido agraciado com uma medalha pelo trabalho realizado.

A Associação de Natação do Norte de Portugal, ao endereçar as mais sentidas condolências à família e amigos, aponta Filipe Vaz como um importante dinamizador da modalidade em Portugal, através da antiga Delegação da Direção Geral dos Desportos do Porto.

Filipe Vale era um grande amigo do nosso jornal, do qual era assinante, e visitante regular desta casa sempre que se deslocava a Viana. Também nós endereçamos à família e amigos um abraço muito solidário de condolências, curvando-nos perante um vianense que muito fez pelo desporto em Viana e em Portugal. 

E.  

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